terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma


Pa-la-vras, po-e-sia, sen-sa-ções, sen-ti-dos, sen-ti-men-tos. Mistura (do Latim MIXTUS, particípio passado de MISCERE, “misturar”) de raças, povos, dialetos, influências históricas.

O Museu da Língua Portuguesa é parada obrigatória. Tive o prazer de conhecer as instalações do prédio, que fica no coração do centro, na belíssima Estação da Luz. Iniciativa das mais louváveis, o Museu é uma viagem pela poesia, cultura, história, literatura.

No terceiro andar do edifício há o auditório, onde o espectador assiste uma projeção de 10 minutos sobre as origens da Língua Portuguesa falada no Brasil. Depois vai revisitar as palavras, através da voz, imagens e literatura brasileira. Esta foi uma das experiências mais bacanas do Museu.

No segundo andar há uma galeria com imagens e a história da evolução do nosso idioma. É ali que vamos descobrir que a Língua Portuguesa tem influências das mais diversas, e foi se modificando ao longo dos séculos e décadas, até chegar ao que conhecemos hoje por internetês, a língua escrita e falada na era digital.

O primeiro andar abriga exposições temporárias. A da vez é CAZUZA mostra sua cara, uma homenagem ao artista, que muito contribuiu para a poesia e música brasileiras. Para quem é fã (como eu) é um prato cheio! Não darei muitos detalhes. A ideia é instigar a curiosidade. Vá! 

Há um bicicletário dentro do Parque da Luz, além do acesso pela própria Estação, por trem ou metrô. E, para quem acha que tudo em São Paulo é caro, que não há incentivo à cultura, que ela é financeiramente inacessível, a entrada custa apenas e tão somente R$ 6,00 (R$ 3,00 para estudantes e idosos). 

É incrível como não percebemos quão forte e belo é o nosso idioma. Deveríamos cuidar melhor dele.






















quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Das ruas para as folhas de papel

Foi tema da minha segunda postagem neste blog e uma das minhas inspirações para criá-lo: o graffiti na cidade. Mostrei um pouco do trabalho incrível do artista Alex Senna, que agora estará, junto com outros grandes talentos que alegram os muros e ruas da cidade, em um livro do consultor financeiro e fotógrafo Ricardo Czapski. Ele reuniu um acervo de cerca de 10 mil imagens de graffitis que encontrou em vários pontos da cidade entre 2005 e 2013 e transformou na obra O Graffiti SP, que será lançada amanhã, 7 de novembro. A edição, claro, não traz todas as imagens. Foram escolhidas 130. 

Mais bacana ainda: 600 livros serão doados para as organizações dedicadas ao incentivo das artes de rua, entre elas o Projeto Quixote e a Cidade Escola Aprendiz.

Quem quiser conferir pessoalmente, o lançamento do livro acontecerá no Restaurante Riso, que fica na Rua Mário Ferraz, 529, no Itaim Bibi.

Quem não puder comparecer, mas ainda assim quer ter acesso à obra, pode conhecer um pouco mais sobre o projeto e baixar algumas das fotos diretamente deste site: www.graffitisaopaulo.com.br.

Termino o post com um graffiti do Senna, que me foi gentilmente enviado pela amiga Beatriz Bergamaschi Cabral. Está na Rua Texas, no Brooklin:



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O mês mais esperado...

... do ano em São Paulo é outubro. E quem é cinéfilo há de concordar. A cidade fica movimentada, os cafés ficam lotados, o ar da Paulista fica diferente. É o mês da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Eu descobri a Mostra um pouco tarde na vida, lá pros idos de 2005, 2006... Desde então não perco um ano. Já fui mais entusiasta, é verdade (já tirei férias pra poder pegar mais filmes da Mostra). As filas e a lotação irritam, as mudanças de programação de última hora também... Mas não dá pra negar que é dos eventos mais bacanas que a cidade recebe. É a momento de conferir filmes das mais diversas nacionalidades (são 350 títulos!!!) que jamais vão chegar ao nosso alcance em outras oportunidades. Há as apresentações especiais, com clássicos do cinema e filmes de diretores homenageados. 

Este ano o protagonista homenageado é o cineasta Stanley Kubrick, do lendário Laranja Mecânica. A vinheta de abertura da Mostra deste ano, inclusive, é inspirada em uma aquarela baseada no filme que ele dirigiu em 1975, Barry Lyndon, feita no set de gravação pela mulher do diretor, Christiane Kubrick, que esteve presente ontem na cerimônia de abertura da Mostra e roubou a cena, junto com o principal produtor de Kubrick, Jan Harlan.O diretor terá toda sua cinegrafia (são treze longas-metragens e três curtas) exibida no evento, além de uma exposição só dele, abrigada no Museu da Imagem e do Som, o MIS, até janeiro. 

Cerimônia de abertura da 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no Auditório do Ibirapuera
Quem é cinéfilo de verdade normalmente compra os pacotes (de 40 e 20 ingressos- este último já esgotado) ou as entradas permanentes (uma é válida para todas as sessões, a qualquer horário, e a outra para sessões de 2ª a 6ª, até 17h55). É possível trocar as entradas na Central da Mostra, no Conjunto Nacional, com quatro a um dia de antecendência - e o mesmo vale para quem comprar ingressos avulsos pela internet. No dia da sessão, a venda só acontece na própria sala. A partir da abertura da bilheteria já é possível comprar. Por isso, a hora do almoço é a mais movimentada.

Dicas para curtir a Mostra sem se estressar com os pormenores: 

- Programe-se: monte um roteiro prévio para não se perder no meio de tantos filmes e não ver justamente aquele que você queria. Você pode comprar o Guia da Mostra ou usar o Guia da Folha, que também é ótimo.
- Fuja dos filmes badalados. Estarão lotados e, via de regra, terão estreia no Brasil em breve.
- Paciência: a fila é inevitável. Aceite.
- Não tenha medo do desconhecido. As melhores surpresas podem vir de filmes iranianos ou chineses (aceite também quando for um erro brutal, acontece).
- Vá a pelo menos uma sessão especial. As que rolam ao ar livre no Ibirapuera e no vão do Masp são muito bacanas. Também é legal pegar pelo menos uma sessão com debate sobre o filme com diretores e atores. Você pode conhecer um pouco do backstage, de como o filme foi feito, histórias inusitadas por trás da telona...
- Prepare o estômago: a junk food será sua melhor amiga se você quiser encarar a maratona.

Mais detalhes aqui: http://37.mostra.org/br/home/

A lindíssima vinheta da mostra:



Enjoy! ;)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A Casa do Núcleo

Projeto bacana que faz a gente pensar: "aquele negócio de brincar de bar pode dar certo". É uma casa, como várias que existem espalhadas pela cidade, mas que tem comidinhas, bebidinhas e o principal: boa música e aquela vibração positiva do chão ao teto.

Minha história com a Casa do Núcleo é bem recente, mas também muito especial. Eu tinha acabado de voltar de uma viagem maravilhosa pelo nordeste, desembarquei em SP no meio de um dilúvio, e vários acontecimentos (vide primeiro post deste blog) me ajudaram a nutrir um sentimento de "bode" pela cidade. Bode mesmo, é a melhor palavra para definir. E aí, numa noite nem quente, nem fria, aquele tempo xoxo característico da pauliceia, conheci a Casa do Núcleo, em um show incrível da Badi Assad, cantora que também tive o prazer de descobrir naquele dia. 

Música de qualidade, comidinhas bem feitas e com preço honesto, pessoas bacanas, um clima aconchegante. Saí de lá pensando que São Paulo ainda tinha potencial para me reconquistar. Uma coisa foi levando a outra e nasceu o Blog. Não posso deixar de creditar um pouquinho disso àquele dia. Por consequência, àquele lugar.

A ideia é fugir do "mais do mesmo", dos artistas já consolidados. Afinal, casa de show não falta para estes. O que parece faltar ao público são outras opções que fujam de um certo padrão musical. Especialmente, opções que fujam dos valores salgados cobrados hoje em dia. A própria definição da Casa diz tudo: a Casa do Núcleo é um centro cultural dedicado à música criativa do mundo.



Diversidade, caras novas, sons diferentes... A gente gosta muito! <3

Mais detalhes aqui: http://www.casadonucleo.com.br/index.php

As fotos são de uma festa que rolou há 2 semanas em homenagem ao compositor paulista Itamar Assumpção. E, mais uma vez, foi incrível. Batuques, as pessoas dançando e interagindo, caldinho de feijão e doce de abóbora. Não preciso de mais nada pra ser feliz!












segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Serviço Social do Comércio

Faz quase um mês que não apareço por aqui, né? Caixas de papelão e bancos e mudança de apartamento são os responsáveis. Tenho passado mais tempo entre quatro paredes do que explorando a cidade. Mas vai passar! ;)
Volto hoje para reforçar algo que já foi constatado há um bom tempo. Se há um lugar que funciona nesta cidade, que oferece cultura, música, arte, tudojuntomisturado, e ainda é justo no preço, é o Sesc. Os Sescs. Todos eles. Meu contato com o Sesc remonta minha infância. O pai de uma das minhas amigas mais queridas trabalha lá há muitos anos. Primeiro no de Interlagos, agora no de Itaquera. E me lembro como se fosse hoje das muita visitas que fazíamos à zona sul aos domingos. E das férias que passávamos no Sesc Bertioga.
Recentemente conheci o Sesc Belenzinho, que só pela Comedoria já vale o passeio. É a lanchonete que serve comidinhas e salgados incríveis. E você chora de felicidade quando vê o preço. Muito barato!
Tenho o privilégio de morar bem próximo do Sesc Pompéia (morarei ainda mais perto em breve). E devo dizer que poucos são os lugares que oferecem programação de qualidade sem a extorsão a que estamos acostumados em São Paulo. Além de tudo, a energia do lugar é incrível. 
Ontem pude passar mais uma tarde agradável ouvindo música de qualidade sem pagar absolutamente nada. Foi o Jazz ao Pôr do sol, um dos eventos da programação do Jazz na Fábrica (que infelizmente terminou neste fim de semana). Tarde quente, amigos, famílias, crianças, sentados e deitados no deck curtindo um sonzinho. Lindo! Com sorvete grande de iogurte com calda a R$3,50 (deu um certo trabalho pra pegar por causa da quantidade de gente, mas nem tudo é perfeito, certo?!), água, cerveja, tudo a preços muito justos. 



 



Vale conferir a programação dos Sescs. Sempre tem muita coisa legal. Para as próximas semanas fica a dica do Sesc Santana, que apresenta o projeto 73 Rotações, uma série de quatro shows em que artistas brasileiros interpretam o repertório de discos emblemáticos de 1973. Alguns, infelizmente, com ingressos já esgotados, como o da Karina Buhr interpretando Secos e Molhados, e o da Céu, com Bob Marley. Mas se tem uma coisa que aprendi com meu cunhado e meu namorado, os irmãos Varella, é que sempre dá pra aparecer na porta que um ingressinho acaba surgindo na sua mão. 




sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Cidade participativa

Gente que coloca a mão na massa para ajudar a transformar a cidade  onde vive. Gente que sai da inércia. Gente que faz uma escolha: reclamar ou contribuir? E escolhe contribuir fiscalizando. Esses são os integrantes do "100 Metas para São Paulo", projeto criado para monitorar o programa de metas da prefeitura, que propôs cem ações para o desenvolvimento de nossa cidade até 2016. 

É sempre a mesma história: os políticos fazem mil promessas e depois de 4 anos, terminada a gestão, nós reclamamos que metade (para ser otimista) não foi cumprida. Isso contribui para a cidade? Apontar os erros e as lacunas é necessário, mas é preciso mais. Por que não acompanhar essas promessas durante a gestão e cobrar para que elas sejam concretizadas antes do fim?

É o que faz este grupo do 100 Metas. Eles criaram um site e uma página no Facebook. Já há 60 pessoas envolvidas no projeto e cada um adota uma ou mais metas prometidas pela prefeitura para fiscalizar. E vai acompanhar esta meta, verificar se ela está sendo cumprida e, o mais importante, pressionar a prefeitura quando não for.

Eu conversei na Rádio SulAmérica Trânsito com uma das criadoras do projeto, Daniela Mattern. E já descobrimos que uma importante meta não tem planos de ser concretizada: a 74, que prevê ciclovias ao longo de todos os 150 km de novos corredores de ônibus que estão sendo construídos na cidade. A SPTrans lançou uma consulta pública para empresas interessadas na construção de alguns trechos desses corredores, mas há menção no texto apenas de três ciclovias.

Agora o passo é cobrar explicações e até mesmo entrar com uma ação civil pública para fazer valer o que foi prometido.

Para quem quiser saber mais do projeto, o site é este: http://www.prestandocontas.org/
A página no Facebook é esta: https://www.facebook.com/100metas?fref=ts
E a entrevista na íntegra está aqui: https://soundcloud.com/dflorenzano/100-metas-para-s-o-paulo

Sobre as ciclovias e ciclofaixas e a bicicleta na cidade, isso será o assunto para um próximo post! ;)







quinta-feira, 25 de julho de 2013

Tesouros escondidos

Moro há 30 anos em São Paulo e nunca deixo de me surpreender. Sempre tem algum lugar, escondido, um tesouro prestes a ser descoberto. O meu de ontem foi a Casa de Francisca. Quando imaginamos uma casa de shows, logo pensamos em espaços amplos, nada intimistas... Afinal, um show deve reunir um número considerável de pessoas, certo? A proposta do Casa de Francisca é o completo oposto.

É uma portinha no coração dos Jardins. A entrada é escura, estreita. Mas quando você ultrapassa as cortinas vermelhas que dividem o corredorzinho da área de shows, você volta no tempo. Algo como a Belle Époque, um estilo cabaré. Algumas mesas ficam em frente ao pequeno palco, decorado com mais cortinas de veludo vermelhas. Subindo os degraus, estão cadeiras e sofazinhos que acolhem no máximo 50 pessoas. É um show para amigos.

O cardápio é maravilhoso, apesar de tudo vir em pequenas porções. As amêndoas com mel e alecrim são divinas. O creme de abóbora esquenta o coração. A polenta cremosa tem gosto de infância. É bom alertar que não é um passeio barato. Os shows são um pouco salgados, assim como o cardápio.

A Casa tem um política muito bacana, de respeito ao artista. Os garçons param de servir bebidas e comidas durante os shows, para não atrapalhar a performance e interferir no clima. Por isso, é bom sempre chegar mais cedo para poder curtir todos os momentos.

Eu tive o prazer de finalmente conferir o show da Ceumar, cantora que descobri há pouco mais de um ano e que conquistou meu coração. Foi uma apresentação de novas músicas. Minha sensação foi de estar mesmo entre amigos. Como o clima é muito intimista, acredito que o cantor se sente mais à vontade para trocar ideias com a plateia, contar histórias, se aproximar do público, testar novas canções.

Na saída, não há filas. Você pede a conta, espera na sua mesa (não mais do que 1 minuto), paga e se despede com a sensação de que ainda há muito o que explorar em São Paulo. Muitos tesouros a serem descobertos.

Minha única foto, escura... Preciso de um celular com flash!



Fotos melhores e informações da Casa e da programação, aqui: http://www.casadefrancisca.art.br/fotos.html






quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sampa a pé

Depois de um breve intervalo, voltei! Foram semanas turbulentas. E durante este tempo, ainda no rescaldo de todos os acontecimentos, fiquei pensando sobre algo bacana, fora do mote "manifestações", que pudesse ser abordado aqui. Não que a discussão não seja importante. Ela é vital, eu diria. Uma chama se acendeu após os atos nas ruas. Muito foi conquistado e a luta por uma São Paulo mais digna de se viver deve continuar sempre. Mas não podemos esquecer de observar o que já existe de muito bom na cidade, os lugares, os eventos, as ações que podem e devem ser valorizadas agora.

E eis que, nesta incógnita e falta de motivação para escrever, caiu no meu colo uma entrevista sobre um projeto muito legal, já em curso na cidade: o SampaPé. Os questionamentos da página inicial do movimento dizem tudo: "Você já interagiu com sua cidade hoje? Você já experimentou seus caminhos, segredos e histórias?". 

De dentro do nosso carro, da nossa casa, até mesmo do transporte público, será que conseguimos enxergar a São Paulo como ela é? O fato é que a comodidade dos deslocamentos rápidos (ou nem tão rápidos assim) nos faz perder as histórias nos caminhos, os caminhos que geram histórias. Aqueles pequenos detalhes que fazem a diferença. Aquela padaria que eu nunca reparei porque sempre passei rápido demais, aquele Centro Cultural, restaurante, café, muro pintado, aquele caminho florido que alegra o dia... Coisas que só vemos quando andamos pela cidade. A pé. O movimento SampaPé pretende resgatar o hábito de caminhar, de observar a cidade com um olhar mais atento, mais presente.

O mais bacana é que, além das caminhadas e passeios culturais que o grupo promove, também há espaço para as críticas. O Desembucha permite que o pedestre denuncie calçadas esburacadas, falta de segurança, ruas mal iluminadas... A listinha é repassada aos vereadores e subprefeitos das regiões. Tem um aplicativo que mede a quantidade de passos dados por dia e dicas de lugares interessantes nas redondezas, que estimulem as pessoas a caminharem mais. E se, ainda assim, você estiver resistente à ideia, sem saber por onde começar, o Anjos da Calçada te ajuda. Você manda um e-mail com sua rotina, o quanto gostaria de andar no trajeto, seus medos e restrições, e o Anjos da Calçada encontra o melhor caminho para que você comece sua vida de pedestre. 

Quer mais motivos? Emagrece, te deixa em forma e saudável. 

Interessou? Mais detalhes aqui: http://www.sampape.com.br/

A entrevista, que foi ao ar na Rádio SulAmérica Trânsito na última quinta-feira, está aqui: https://soundcloud.com/dflorenzano/rst-0407-sampape

Os próximos eventos do SampaPé são imperdíveis:

  • 25/07 - Cine Escalda Pés: Enquanto você assiste o filme, mergulha os pés em um combinado de ervas, sais e esferas de massagem. Todas as seções são de filmes que nunca estiveram em cartaz no Brasil.
  • 27/07 - Passeio cultural no Ipiranga: Você conhece as histórias e curiosidades do bairro. 
É preciso se inscrever através do e-mail: sampape@sampape.com.br

As fotos abaixo foram cedidas pelo coletivo. Bora caminhar? ;)











sexta-feira, 21 de junho de 2013

Vencemos?

"Façam valer nossos impostos"
"Fora Feliciano"
"Contra a corrupção"
"Contra a PEC 37"
"Contra a privatização do petróleo"

"Pela tarifa zero"
"Vem pra rua que a luta é sua. #insatisfação"

São muitas as insatisfações.

Eram vários grupos desorganizados marchando pela Paulista, além das pessoas que não pertenciam a grupo nenhum. Além dos que não tinham nenhuma reivindicação e estavam lá para "festejar" (sem saber direito o motivo). Até vendedor de milho tinha. Cada um com sua bandeira (menos o vendedor de milho, que estava ali para ganhar um troco mesmo). Eram muitas. Deu até dor de cabeça de tanta informação: tudojuntoemisturado. Demorei um bom tempo para conseguir, no meio disso tudo, achar o grupo do MPL, o primeiro a ir às ruas. O cenário foi muito diferente do encontrado na segunda-feira, quando, apesar de haver outras reivindicações, as pessoas estavam ali UNIDAS por uma, principal e imediata: a revogação do aumento. E, realmente, a mobilização conseguiu este primeiro passo.

Hoje o MPL anunciou que não convocará mais nenhum ato. Segue a nota oficial:

O Movimento Passe Livre (MPL) foi às ruas contra o aumento da tarifa. A manifestação de hoje faz parte dessa luta: além da comemoração da vitória popular da revogação, reafirmamos que lutar não é crime e demonstramos apoio às mobilizações de outras cidades. Contudo, no ato de hoje presenciamos episódios isolados e lamentáveis de violência contra a participação de diversos grupos. O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os debaixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima. Essa é uma defesa histórica das organizações de esquerda, e é dessa história que o MPL faz parte e é fruto.O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje, da mesma maneira que repudiamos a violência policial. Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos.

Toda força para quem luta por uma vida sem catracas.

Perdeu-se uns 30 minutos da manifestação com bate-boca. "Apartidários contra partidários". Aliás, a única ocorrência envolvendo brigas no meu trajeto todo foi entre os próprios manifestantes.
O MPL encerrou o ato às 21h00 na Praça Oswaldo Cruz. Mas as pessoas não quiseram parar. Entoando o grito "vem pra rua vem, contra o governo", seguiram caminhando por outras vias da cidade.

Contra o governo significa o quê? Alckmin, Dilma, Haddad, a instituição? Democracia? Todas as anteriores? Aposto que muitos deles não sabem responder.

As insatisfações são muitas, e muitas delas justas. Mas querer tudoaomesmotempojá é imaturidade. A pauta precisa ser clara. Deve haver uma estratégia. No fundo, é necessária alguma organização para que se consiga atingir o objetivo.

E se engana quem diz que o MPL não é organizado. Há porta-vozes (que dão entrevistas todos os dias). Há os organizadores da passeata, que vão à frente, monitorando. Um dos integrantes me disse ontem que até assessor de imprensa tinha ali, para atender os jornalistas.

Uma das integrantes, que ia à frente, pediu para que algumas pessoas, que carregavam faixas bradando por uso consciente dos impostos, se afastassem um pouco mais do MPL, para "não misturarmos as coisas".

Nada disso invalida a conquista, a mobilização nacional, o anseio das pessoas de lutar por uma cidade, um país melhor. De sair da inércia.

Mas ontem fiquei bem confusa no meio de toda aquela confusão. A conclusão, pra mim, foi: acender a chama é um desafio, mas o maior deles é mantê-la acesa.