“Tenho raiva quando
caio em congestionamentos. Mas aí sento num bar na Augusta e vejo aquela
mistura de gentes e cores e ideias. Fico triste ao abrir a janela e não ver
aquele mar azul ou sentir o ar puro do interior. Mas chego na Benedito Calixto,
com aquela energia indescritível, e me sinto em casa. O centro assusta, mas não
dá para, ao mesmo tempo, não se impressionar com a beleza dele (está lá, é só
olhar com carinho). São Paulo causa esta contradição dentro da gente porque ela
é assim: contraditória, cidade que a gente ama e odeia, ao mesmo tempo, tudo
junto e misturado. Não é minha cidade de nascimento, mas é minha cidade de
criação. E é a ela que eu devo muito do que sou! Parabéns, Sampa! Continue me
dando motivos para mais te gostar do que te odiar!”
Às Avessas porque, se ela é o avesso do avesso, quero-a ao contrário. Quero o avesso do que sinto. Quero mostrar São Paulo às avessas.
Este foi um post retirado
do meu próprio Facebook, publicado no dia do aniversário da cidade: 25/01.
Pouco depois, passei uma minitemporada, 15 maravilhosos dias, no Nordeste.
Sempre tive esta coisa contraditória dentro de mim: gosto da cidade grande e de
tudo o que ela oferece, mas é só colocar o pezinho na areia que o coração bate
mais forte. Sou contraditória como São Paulo.
Voltei num domingo de
fevereiro com um aperto no peito de deixar a beleza e o sossego de Recife e
Alagoas para trás. Sair do aeroporto e cair na Marginal do Tietê não faz a
transição ser menos dolorosa. A segunda-feira começou com o rodízio e uma
batida de carro. Terminou com enchente na cidade, um congestionamento de 1h30 e
uma menina/mulher (os 30 fazem isso com a gente- nem a palavra menina, nem a
palavra mulher se encaixam direito) sentada no sofá da sala, em crise: ISSO NÃO
É VIDA! Quem nunca...
Sou bragantina, sem nunca
ter morado em Bragança Paulista (contraditório??). Daquelas coisas que os pais
nunca sabem explicar como/por que aconteceram, mas o fato é que vivi todos os
meus 30 na Paulicéia
Desvairada.
Meu trabalho, como
jornalista, é tentar ajudar a amenizar um problema que é de quase 100% dos
paulistanos: o sofrimento no trânsito. A minha rotina é ouvir na rádio os depoimentos
dos motoristas. Nem sempre boas notícias: buracos, congestionamentos,
infrações, brigas no trânsito, acidentes, ~mortes ~. E tentar achar algum
caminho que leve em direção à luz no fim do túnel: ao descanso, ou ao
compromisso importante, ao destino final. É um trabalho nobre este, de ajudar
as pessoas, seja qual for o problema, e me orgulho de fazê-lo todos os dias.
Mas endurece um pouco o coração. De repente é comum levar duas horas para
chegar ao trabalho, que fica a apenas 10 quilômetros do ponto de partida. Ou
ter de noticiar mais um acidente com mortes na cidade, o terceiro do dia. Este
cenário não contribui para que eu ache São Paulo uma cidade bacana, uma cidade
para se viver (viver, e não apenas morar).
Esta crise de identidade
(minha e) com a minha própria cidade me fez estar aqui agora, começando o que
eu posso chamar de “processo de reconciliação”. Meu objetivo, neste blog que
nasce hoje (dia em que completo minha terceira década), é falar do que há de
bom. Apenas! Dos pequenos aos grandes detalhes que tornam São Paulo
inigualável, no sentido positivo que esta palavra carrega. Poderá vir na forma
de uma história, um fato, uma experiência, apenas uma imagem, que fale mais do
que todas as palavras juntas. Quero pegar os pedacinhos de felicidade
espalhados no meio deste caos e juntá-los todos, em um único lugar. Porque se
eu calhar de “envelhecer na cidade”, quero que esta velhice seja como a relação
de minha avó (que completou 86 anos neste mês) com a vida: cheia de
dificuldades, mas com muito amor e vontade de viver, de estar aqui, plenamente
aqui, aproveitando cada segundo.
As imagens que
acompanharão os escritos serão sempre fotografadas pelo autor do post (digo
isso porque penso em algo colaborativo num futuro nem tão distante assim... mas
uma coisa de cada vez).
Às Avessas porque, se ela é o avesso do avesso, quero-a ao contrário. Quero o avesso do que sinto. Quero mostrar São Paulo às avessas.
Dedicado aos
meus pais, que escolheram este o meu lar. À minha amiga, irmã mais nova, colega
de apartamento e inspiradora de tantas boas ideias, Flávia Elisa. Ao meu
namorado, Henrique, que me ajuda a desvendar todos os dias o que é que São
Paulo tem, e que muita gente ainda não descobriu!
Dani!
ResponderExcluirTeu post me fez procurar minha "primeira casa" em São Paulo, mais precisamente na Rua Durval Pinto Ferreira, perto do Parque do Nabuco, na zona sul.
Confesso, não tenho vontade de morar em São Paulo. Depois de morar no interior, sem congestionamento, enchente, violência,... Porém, assim como você, tenho minhas admirações e faço visitas sempre!
A feirinha da Benedito Calixto é demais - sempre compro discos/LP's! O Mercadão e a 25 de março exigem paciência, mas é um colírio aos que gostam de observar gentes e gentes. Avenida Paulista, Ibirapuera...
Assim como você, sou fã de praia. Aliás, meu projeto de aposentadoria está no Rio de Janeiro, no pé do morro, com muito samba.
Eu amo São Paulo. Ah, eu também odeio São Paulo!
Beijos!!!
Nossa, Akamine! Não sabe como fico feliz que o blog tenha te inspirado de alguma maneira. No fundo, todos somos um pouco paulistanos... ;) Beijos
ResponderExcluir