Já vimos que o ciclista é uma peça importantíssima no processo de
mudança da cidade. Mas não há segurança, estrutura, integração. Também vimos
que o transporte público é escasso, lotado e, na conta final, em muitos casos,
deixa de ser vantajoso nos quesitos comodidade e tempo. O que nos leva a usar o
nosso carro. O que gera filas quilométricas todos os dias nas ruas da cidade. O
que não atende o objetivo final: locomoção. Pelo menos não com eficiência.
O antropólogo Roberto da Matta traz ideias interessantes: como nós absorvemos o estilo de vida dos governantes. O carro não é visto apenas como um meio de locomoção. Ele é um sinônimo de poder. Roberto da Matta afirma que os primeiros objetivos de uma pessoa, quando começa a ganhar mais dinheiro, são: contratar uma empregada doméstica, ter a casa própria, ter o carro.
E é esta mentalidade que precisa mudar. A sociedade deve entender que o coletivo vem antes do privado (já mencionei isso no segundo capítulo, mas é necessário bater nesta tecla). Que não há nada de poderoso em ficar parado horas no trânsito, se estressar, xingar o outro, tentar dar uma de esperto e cortar caminho por onde não pode. Aliás, esta é outra cultura típica do brasileiro: o famoso "jeitinho". Infringir as leis e achar que isso é o máximo e que você é que é inteligente (estou, claro, generalizando).
Ninguém está dizendo que você não deve ter um carro. A sugestão é de um uso mais consciente dele.
Digo tudo isso como aprendiz: também me encaixo na categoria dos que usa o carro para toda e qualquer jornada. Mas a reflexão precisa começar em algum momento. Para mim, já começou.
A reportagem está no ar em 92,1 fm, nos seguintes horários: 6h05; 10h40; 15h40; 20h40 e 0h05
Está aqui também: https://soundcloud.com/radiosulamericatransito-1/s-rie-s-o-paulo-para-as-2
Foto tirada em congestionamento na Zona Oeste |
Foto tirada em congestionamento na Zona Sul |
Foto tirada no Dia Mundial Sem Carro- 22/09/2012 |
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