quarta-feira, 29 de maio de 2013

Vida subindo pelas paredes

Tenho muito orgulho de pessoas que não se contentam em apenas observar o caos, a loucura, o cinza da cidade. Vão lá e botam a mão na massa. Tenho mais orgulho quando um deles é amigo de longa data e o outro é praticamente meu irmão mais novo. João Pedro Cilli e Lucas Leite Antunes, respectivamente, fazem parte do Movimento 90º, que reúne arquitetos, paisagistas, engenheiros e voluntários. O objetivo? Ocupar os espaços vazios das laterais de edifícios com vida: com jardins verticais.

Os benefícios: isolamento térmico e acústico, aumento da umidade do ar e da biodiversidade. Os jardins atuam como um filtro natural de poluentes (e como estamos precisando!!), além de proporcionar a valorização de outro tipo de estética: a da beleza natural.

O primeiro jardim vertical foi instalado em um prédio na Vila Madalena. Durante a Virada Cultural, o grupo também realizou uma intervenção na Augusta.

Projeto da Vila Madalena



Mais detalhes aqui ó: http://benfeitoria.com/movimento90 

Também fiz uma entrevista na Rádio SulAmérica Trânsito com o diretor executivo do Movimento, Guil Blanche. Você ouve aqui: https://soundcloud.com/dflorenzano/movimento-90

Augusta ComVida: Escola São Paulo + Movimento 90 graus

 Espero que sejam os primeiros de muitos jardins ocupando o céu cinza da nossa cidade.

 PS- As fotos foram gentilmente cedidas por João e Lucas. Muito orgulho, meninos!



 

terça-feira, 21 de maio de 2013

48 horas de alegria!

Deu tempo. Foram 48 horas muito bem aproveitadas. Saio do fim de semana com a sensação de que São Paulo conquistou um pouco mais meu coração. Foi lindo ver gente na rua, ocupando a cidade, se divertindo, interagindo com a família, com os amigos, com o centro. Olhando as ruas e vielas e avenidas que, nos outros 363 dias do ano, são desprezadas por boa parte dos paulistanos.

Triste foi abrir os jornais e sites nesta segunda-feira e ver que os destaques foram mais negativos do que positivos. Não vou abrir a discussão sobre o papel do jornalista em coberturas como esta. Ficaríamos dias debatendo. Prefiro exaltar os que se propuseram a sair do senso comum midiático. Aqueles que relataram os problemas, assaltos e violência (porque não dá para ignorar isso), mas também mostraram que houve muita felicidade pelas ruas. Afinal, reunir 4 milhões de pessoas e esperar que não haja ocorrências policiais é um tanto ingênuo. Há ajustes? Claro, sempre há. Mas usar os crimes para invalidar a Virada é desanimador e triste. Crimes estes que, é bom lembrar, acontecem desde a primeira edição. Também acontecem nas festas de Ano Novo, Carnaval, jogos de futebol... qualquer lugar onde haja aglomeração. Onde não há multidões, também tem violência. Dentro do seu apartamento, no seu condomínio fechado, também. Os arrastões estão aí para comprovar isso.

Recomendo o artigo do Dimenstein sobre o assunto (nem sempre ele acerta, mas desta vez fez uma análise bem contundente): http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/2013/05/1281633-virada-diminuiu-violencia-em-sp-talvez.shtml

Também via Dimenstein, segue este ensaio bem bacana da fotógrafa Rachel Shein, que propõe um olhar humano e terno (daí o nome "A Virada do Afeto") do evento: http://catracalivre.com.br/geral/muito-mais-sao-paulo/indicacao/a-fotografa-cidada/

Tendo a acreditar que a cultura, a música e a arte podem mudar o cenário de violência na cidade. A Virada foi uma conquista árdua. Não podemos deixar que morra.

Dito isto, seguem abaixo as minhas fotos, o meu olhar (a qualidade está comprometida porque as fotos foram tiradas de um celular sem flash). E também da Feira da Pompéia, um dos meus eventos preferidos. Mais uma vez, não decepcionou! Foi um sucesso!

                                                                        Virada Cultural

                              


                              


                                        

                            




Feira da Pompéia







quinta-feira, 16 de maio de 2013

Apenas 48 horas...

Fim de semana agitado. Tem final do paulistão. Tá, isso não tem nada a ver com as coisas bacanas da cidade, portanto, nem com este blog. Eu só quis comentar mesmo (#vaipracimadelessantos). Voltando ao que interessa e que é motivo da existência do post, este é o fim de semana de dois eventos que eu particularmente gosto muito e que me dão alegria de circular pela cidade: Virada Cultural e a gloriosa Feira de Artes da Vila Pompéia, a Ferinha da Pompéia, para os mais íntimos. 

Sobre o primeiro e mais importante evento: os pessimistas e corneteiros vão dizer que é lotado (é), que falta segurança (falta), que não tem organização (discutível), que só expõe as fragilidades do centro (acho o contrário), que as pessoas vão para encher a cara e brigar nas ruas (alguns). A generalização é perigosa. Uma parcela vai com o objetivo de beber e zonear mesmo, mas tenho convicção de que muitos, como eu, querem aproveitar o momento em que o centro abre suas "portas" com música e arte. Gente ocupando a cidade, olhando São Paulo, percebendo o centro de outra maneira, mais amistosa. Os shows obviamente são o atrativo principal, mas o mais legal, pra mim, é reunir os amigos, andar pelas ruas, se divertir sem ter de pagar horrores por isso. Tenho ótimas lembranças das minhas Viradas anteriores e acredito que esta tem tudo para ser muito melhor. Com Raça Negra e Sidney Magal nos palcos, e o olhar atento de Guilherme Varella (meu querido cunhado) na organização, não tem como ser ruim.

A programação esta aqui ó: http://viradacultural.prefeitura.sp.gov.br/
Dica: para os mais tecnológicos, tem um aplicativo para celular específico com a programação da Virada. Já baixei! ;)

Saindo do macro para o micro: chegamos à 26ª edição da Feira de Artes da Vila Pompéia. Como eu tenho 30 anos, vi o evento nascer. Meus pais me levavam quando pequenininha. Só tenho boas lembranças. Aos corneteiros: sim, a feira foi decaindo ao longo dos anos, depois das 17h00 o clima já começa a ficar pesado, muita molecada bebendo e tumultuando. Mas ainda prefiro ver o lado bom, o momento do ano em que os moradores do bairro se cruzam, aquela turma que estudou com você na 5ª série e que você nunca mais viu, aquele vizinho que você nunca tromba no elevador, por incompatibilidade de horários... Comidas deliciosas (tem até linguiça de Bragança, vejam só) e artesanatos (é bem verdade que a qualidade dos produtos vem caindo também, mas vale ainda assim). Sou louca por uma feira de artesanatos e antiguidades: aguardem post sobre meu lugar favorito na cidade: a aconchegante Benedito Calixto (Bene, para os íntimos).

Mais detalhes sobre a Ferinha, aqui: http://centroculturalpompeia.blogspot.com.br/p/blog-page_21.html

É uma pena que o fim de semana tenha apenas 48 horas.

Aguardem fotos dos dois eventos na semana que vem.


terça-feira, 7 de maio de 2013

Baú da Felicidade

Eles estão crescendo. E felizmente, cada vez mais, se espalhando por aí. São os movimentos de ocupação da cidade, dos espaços públicos. Já falei aqui sobre o "Festival BaixoCentro", que teve a segunda edição realizada no último mês, bancada via financiamento coletivo. E foi um sucesso. Vários artistas independentes (que muitas vezes não conseguem espaço no cenário cultural) puderam ocupar as ruas e praças com arte. Do outro lado, eu, você e tantos outros tivemos a oportunidade de consumir esta arte sem ter de pagar preços exorbitantes por isso. Mas o objetivo vai além: é o de resgatar a função do espaço público. Usá-lo. Transformá-lo num ponto de encontro, de interação, de integração.

Também já houve movimentos semelhantes na Praça Roosevelt, como o "Existe Amor em SP". Neste caso, com a presença de artistas já consolidados no cenário cultural, tendo como pano de fundo o debate político e, principalmente, as necessidades da cidade.

E neste fim de semana pudemos ter mais um gostinho disso tudo em um local que é visto por muitos como degradado, perigoso, desconfortável, por assim dizer. O "AnhangaBaú da FelizCidade" invadiu a região central com música, dança, arte, debates, gente. Muita gente: parada em frente aos palcos curtindo o som de preferência, estendendo a canga na grama para apreciar o movimento, encontrando os amigos, interagindo com a cidade.



Foi lindo de ver a diversidade, a manifestação cultural, a vontade de ver/fazer uma cidade melhor, mais viva.



O evento foi organizado pelos mesmos coletivos que ocuparam a Roosevelt. E é muito bom saber que o plano é continuar, ampliar. 

Eu espero que o caminho da FelizCidade seja sem volta.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Carta de despedida


Não me lembro da primeira vez. Nem quem foi que me apresentou. Mas me lembro da segunda, terceira, décima vez que fui feliz no Studio SP.
Quando decidi criar um blog com o objetivo de falar das coisas que me fazem gostar de São Paulo, já tinha um espaço em mente reservado só para Ele. Em caixa alta mesmo. Para muitos, é/era só mais uma balada. Para mim, teve uma importância maior.

Em um momento em que você tenta redefinir sua vida, descobrir realmente quem você é, do que você gosta, o que, de tudo que já te apresentaram, vai ficar... alguns lugares fazem a diferença. O Studio fez. Me trouxe um novo mundo musical, novas pessoas, uma nova área da cidade que até então eu não frequentava (a Augusta ainda terá um espaço neste blog reservado só pra ela). Mais que isso: muitos e muitos bons momentos.

Foi lá que ouvi Seu Chico até cansar com Flávia Elisa e Roberta Russo, conheci Miranda Kassin, Vanguart, Móveis Coloniais de Acajú, Del Rey. Também foi lá que surtei loucamente (todas as vezes) cantando as músicas do glorioso Tim, ao som de DizMaia, com Helô, Leu e tantos outros amigos que eu arrastava comigo.


Não sem antes parar no boteco da frente para esperar a casa abrir, comendo uma fogazza, tomando uma cerveja de garrafa e ouvindo o tiozinho hippie vendedor de bijus contar sua história de andarilho, pai de 5 filhos espalhados pelo Brasil. E levar de brinde um pingente feito na hora (ainda tenho).


Depois da balada, sair e comer o tradicional milho no pratinho do tiozão gente fina estrategicamente posicionado na porta fechava a noite com chave de ouro.

Sim, começou a ficar caro. Sim, a fila era imensa e já me fez dar meia-volta. Mas sim, eu era feliz todas as vezes.

E é com pesar que digo que, nesta quinta-feira, São Paulo perde mais uma vez. O dia em que o Studio SP abre suas portas pela última vez é, sem dúvida, um dia triste (mais triste é não ter conseguido ingressos para estar lá).

Mas como o objetivo do blog não é lamentar as coisas ruins que acontecem na cidade, fica esta carta de despedida, com um tom de alegria: as lembranças boas nós levamos com a gente. E o Studio SP sempre vai fazer parte da história de São Paulo, da Augusta, do Baixo Centro... da minha história!